O ensino híbrido chegou e, chegou pra ficar. Com todas as possibilidades de o ensino híbrido tornar uma realidade no mundo, por conta do isolamento social acontecido em função da pandemia do covid-19, fico me perguntando qual seria o maior desafio de sua implantação.
Dados os devidos créditos à eterna falta de estrutura da escola brasileira, que determina, limita e condiciona a aplicação de boa parte das soluções a que tem-se como possível, vejo a questão da mudança de paradigma do professor como o maior desafio a ser vencido antes da realidade de ensino híbrido tornar uma pratica educativa comum, natural e pertinente deste tempo e deste contexto social.
O professor é o maior desafio não por conta das limitações técnicas, essas todos nós temos. Basta surgir uma ou outra tecnologia, plataforma, caminhos, meio digitais e lá vamos nós buscar novas habilidades para interagir com aquilo. Dificuldades técnicas podem ser superadas com rapidez. No entanto, trago aqui o outro lado dessa limitação – a dificuldade profissional de o professor fazer mudanças.
Como todos sabem, penso eu, a escola é o espaço onde as mudanças mais demoram acontecer. Parece até contraditório: de um lado a escola está sempre falando das mudanças, das novidades e da modernidade. E, por outro lado, tudo isso do qual fala a escola dificilmente chega até ela com a mesma rapidez.
A escola é um espaço muito tradicional, conservados e engessado. Esta condição faz com que qualquer que seja o educador motivado à mudança e à construção de novos paradigmas corra o risco de ser vencido pelo sistema conservador. Correr-se o risco diariamente de ser tragado pelos ideais daqueles professores de longa data que insistem e persistem no desdobramento do passado em dias atuais.
As metodologias lá do passado ainda são vistas como adequadas hoje. O comportamento do professor lá do passado ainda são percebidos ordinariamente em todas as escolas, embora o discursos dos educadores negue isso na maioria das vezes. O que quero dizer com isso é que educadores falam da modernidade e até acreditam que são adeptos a ela, mas na pratica, ainda vemos alunos enfileirados nas escolas, respondendo questionário, cumprindo sumário e fazer provas tradicionais como se fazia no século 17. Ou seja, há uma percepção de conservadorismo de praticas pedagógicas não condizentes com a criança deste tempo. Mas , assumir esta dificuldade não tem sido tarefa simples e tudo isso tem que começar com o professor.
Se o professor não fizer a mea culpa e buscar essa mudança, não acontecerá a implantação do ensino híbrido. A maior dificuldade de implantação do ensino híbrido é mesmo a consciência pedagógica do professor. O professor precisa entender que a criança deste tempo precisa de uma metodologia deste tempo e isso encontra consonância com o ensino híbrido e com a educação mediada pela tecnologia.
( Este trecho faz parte do meu livro: Ensino Híbrido, rotas para implantação na educação infantil e no ensino fundamental, Pró Infanti Editora, Curitiba, 2020 – e está à venda aqui neste site)
Prof. Dr. Geraldo Peçanha de Almeida